Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Ecos de Ontem...

Porque há palavras que não sabem ser silêncio. Ressuscitam, porque ainda respiram...

Porque há palavras que não sabem ser silêncio. Ressuscitam, porque ainda respiram...

Ecos de Ontem...

19
Mar25

Cartas de amor...

ROMI

est.jpg

 

O silêncio não é inocente, produz ecos que não consigo ler. 
Pessoas feitas como peças de lego que não encaixam. 
Encaixo-me no dia de hoje. 
Rejeito o café, mordo o pau de canela. 
Diariamente finjo que caí, mas estou em pé! 
Sanidade à beira do abismo, quero subir ao alto da montanha e soltar a noite. 
Quero um encontro de amigos que ficam pela noite dentro, em pijama, a conversar e a beber chá. 
Estou sozinha nessa pretensão. Paciência! 
Lamento profundamente quem sabe como deve ser e depois não é. 
Já não imagino uma mão a segurar a minha. 
Ideia marginal como uma estrada. 
O carteiro passa num aceno de quem já não entrega cartas de amor. 
Peço um café curto e escaldado, sem açucar. 
Fico parada, nesse intervalo, a ouvir-me respirar. 
O carteiro passa e volta a acenar, digo-lhe adeus também…

 

 

17
Mar25

A Inércia dos Sorrisos...

ROMI

Screenshot_20250124_233218_Photos.jpg

 

Esperavas um sorriso. Não sobrou nenhum. Perderam o prazo de validade e a capacidade de se reproduzirem, devido à inércia a que foram submetidos. Sentimentos perdidos em forma de inventário. Eu sem mim dá menos, mesmo elevada ao infinito. Quero-me de volta à minha vidinha suportável, sem medo de uma recaída, porque sou pessimista e gosto. Ser prudente é uma coisa que me irrita. Quero registar emoções a débito, sem lembrar que já fui sólida. A transparência há muito que deixou de me incomodar, porque as garças não passeiam no jardim e a cadeira vazia denuncia uma ausência, conferindo-me a angústia de não saber porquê. Hoje dispo-me de ontem, o que me deixa infeliz duma forma extremamente feliz...

25
Fev25

E eu, noiva errante...

ROMI

22313144_IYCGF.jpeg 

E eu, reinvento-me, viro-me do avesso,
Num ponto de partida,
Sem me deixar ir.

Como um hífen que liga os elementos das palavras compostas,
E sem resposta.

E eu, barco oscilante, (leia-se rompante)*
Em busca da luz de um farol,
Que me leve a bom porto,
Sã e a salvo de um passado convalescente...

E eu, vestida de branco, como uma noiva pura,
Vou deixando pegadas,
Como quem coloca uma mensagem dentro de uma garrafa
E a lança ao mar,
Na esperança que alguém a encontre, a leia, e lhe dê atenção.

 

* Sugestão do JAM

 

24
Fev25

E eu ...

ROMI

288629223_5380919791939544_6192203861789076683_n.j

 

E eu

Vestida de negro, como a noite,
Não por morte ou desgosto.
É uma pretensão analfabeta, 
Uma crença devocional
que me rasga e amarrota
 como se eu fosse papel.
 
E eu
 
Vestida de negro, como uma sombra,
Não por negligência ou engano
É  como uma paixão que se dança
Que amadurece e se expande 
Na berma de um presságio triste.
 
E eu
 
Vestida de negro, como o silêncio,
Não por escolha ou acaso.
É um eco que me habita,
Um murmúrio que se enrola,
Resiste e esmorece
Na perpendicular de uma prece.
 
Foto Praia Grande
 
 
 
 
 
 
23
Fev25

Fragmentos de partida...

ROMI

cce6967e-cb39-4d34-be01-b8de6885a548-EDIT.jpg

 

Aperto os sapatos em ritmo de adeus.
Parto em passo planado, com o sol em poente.
Reivindico uma gaivota  como complemento de paisagem.
Só depois me afasto, sem carácter de urgência.

Vestida de preto, com salpicos de silêncio
e um apontamento a designar,
levo nas mãos acenos gastos
à força de tanto serem usados.

Remeto-as à inércia!

Pela primeira vez, não olho para trás num gesto póstumo.
Há "nós" e laços, há agora um projeto de consciência em ruína.
Atiro, como uma noiva, um ramo de crisântemos.
Lamento imenso se alguém o apanhou...

" Ela era poesia... ele, não sabia ler."

 

Imagem "Pinterest"

19
Fev25

Notas de um sonho breve...

ROMI

comboio.jpg 

Era uma rua escura, inodora, daquelas ruas onde não acontece nada.
Do lado de lá de uma janela, alguém tocava uma balada. Sentei-me num degrau do prédio, como quem espera a chave para entrar. A melodia surgia como o lamento de alguém que queria ir muito para além de um encontro improvável.

Encostei-me à parede fria, fechei os olhos e imaginei uma sala despida de adornos. Apenas um piano. Alguém, no masculino, de feições indefinidas, sem carisma emocional, deixava as notas acontecerem, indiferente.

Foi aí que entrei na sala. Senti-me impotente e frágil, pálida como um fantasma que não morreu.
O abraço fez-se em passo de dança, num redopio lento de quem reconhece a presença e quer a todo o custo não a deixar fugir. 

Tentei descobrir ali um atalho para a normalidade. O máximo que consegui foi um pensamento fatigado: Agora é tarde para querer sair daqui. Envolvida num abraço de náufraga, deixei-me afogar num barulho de cristais, com suspiros de cetim.

Voltei à rua. Deixei-o a arrumar a minha ausência. Não olhei para trás.
Abri os olhos. A parede continuava fria. A balada fora substituída por um ritmo mais descontraído.
A noite estava instalada. Rumei em direção à estação e fiquei no escuro, à espera do comboio seguinte...

17
Fev25

Pecados consentidos...

ROMI

22226943_32trT.jpeg

 

A noite tem a cor que eu gosto,
tem fantasmas do meu tamanho.
Tem medos que adormecem
e me deixam dormir também.

Na hora do excesso permitido,
bailam pecados em meu redor.
Eu escondi-me muito pouco...
Fugaz mendiga das horas paradas,
ampliadas num suspiro qualquer.

Existem palavras soletradas,
esculpidas em pedra dura,
que não se cruzam.
No silêncio, não há palavras cruzadas.

Eu sei, e tu sabes.
Perto ou longe,
nunca seremos nós...

14
Fev25

SENSIBILIDADE ESTÉTICA DA PALAVRA ADEUS...

ROMI

22218524_bZQ7l.jpeg 

 

Vou em viagens de sonho,
embrulhada em papel vintage
e num gesto de quem respira o mesmo ar
falo-lhe ao ouvido, em voz de cinema:
“O melhor de mim é a forma como gosto de ti.”
Tinha esquecido que qualquer gesto
está cheio de pequenos outros.
Dei o último suspiro.
Saí para a rua, como se fosse a primeira vez.
Não sei sonhar, nem amar,
nem dizer palavras de amor,
mas fico linda quando sorrio.
Gosto de respostas que calem a pergunta
e de mim quando solto o cabelo.
Temo que o tempo me traga saudades mortas
a escorrerem por todos os lados
principalmente por mim.
Ter cuidado com as palavras não significa ficar calada.
Arrumo as palavras numa folha de papel branco
que fecho dentro da gaveta ...
e deito a chave fora.
Vou-me despindo de ti... até ficar nua!
 

Mais sobre mim

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Arquivo

  1. 2025
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
Em destaque no SAPO Blogs
pub