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Ecos de Ontem...

Porque há palavras que não sabem ser silêncio. Ressuscitam, porque ainda respiram...

Porque há palavras que não sabem ser silêncio. Ressuscitam, porque ainda respiram...

Ecos de Ontem...

25
Fev25

E eu, noiva errante...

ROMI

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E eu, reinvento-me, viro-me do avesso,
Num ponto de partida,
Sem me deixar ir.

Como um hífen que liga os elementos das palavras compostas,
E sem resposta.

E eu, barco oscilante, (leia-se rompante)*
Em busca da luz de um farol,
Que me leve a bom porto,
Sã e a salvo de um passado convalescente...

E eu, vestida de branco, como uma noiva pura,
Vou deixando pegadas,
Como quem coloca uma mensagem dentro de uma garrafa
E a lança ao mar,
Na esperança que alguém a encontre, a leia, e lhe dê atenção.

 

* Sugestão do JAM

 

24
Fev25

E eu ...

ROMI

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E eu

Vestida de negro, como a noite,
Não por morte ou desgosto.
É uma pretensão analfabeta, 
Uma crença devocional
que me rasga e amarrota
 como se eu fosse papel.
 
E eu
 
Vestida de negro, como uma sombra,
Não por negligência ou engano
É  como uma paixão que se dança
Que amadurece e se expande 
Na berma de um presságio triste.
 
E eu
 
Vestida de negro, como o silêncio,
Não por escolha ou acaso.
É um eco que me habita,
Um murmúrio que se enrola,
Resiste e esmorece
Na perpendicular de uma prece.
 
Foto Praia Grande
 
 
 
 
 
 
23
Fev25

Fragmentos de partida...

ROMI

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Aperto os sapatos em ritmo de adeus.
Parto em passo planado, com o sol em poente.
Reivindico uma gaivota  como complemento de paisagem.
Só depois me afasto, sem carácter de urgência.

Vestida de preto, com salpicos de silêncio
e um apontamento a designar,
levo nas mãos acenos gastos
à força de tanto serem usados.

Remeto-as à inércia!

Pela primeira vez, não olho para trás num gesto póstumo.
Há "nós" e laços, há agora um projeto de consciência em ruína.
Atiro, como uma noiva, um ramo de crisântemos.
Lamento imenso se alguém o apanhou...

" Ela era poesia... ele, não sabia ler."

 

Imagem "Pinterest"

19
Fev25

Notas de um sonho breve...

ROMI

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Era uma rua escura, inodora, daquelas ruas onde não acontece nada.
Do lado de lá de uma janela, alguém tocava uma balada. Sentei-me num degrau do prédio, como quem espera a chave para entrar. A melodia surgia como o lamento de alguém que queria ir muito para além de um encontro improvável.

Encostei-me à parede fria, fechei os olhos e imaginei uma sala despida de adornos. Apenas um piano. Alguém, no masculino, de feições indefinidas, sem carisma emocional, deixava as notas acontecerem, indiferente.

Foi aí que entrei na sala. Senti-me impotente e frágil, pálida como um fantasma que não morreu.
O abraço fez-se em passo de dança, num redopio lento de quem reconhece a presença e quer a todo o custo não a deixar fugir. 

Tentei descobrir ali um atalho para a normalidade. O máximo que consegui foi um pensamento fatigado: Agora é tarde para querer sair daqui. Envolvida num abraço de náufraga, deixei-me afogar num barulho de cristais, com suspiros de cetim.

Voltei à rua. Deixei-o a arrumar a minha ausência. Não olhei para trás.
Abri os olhos. A parede continuava fria. A balada fora substituída por um ritmo mais descontraído.
A noite estava instalada. Rumei em direção à estação e fiquei no escuro, à espera do comboio seguinte...

17
Fev25

Pecados consentidos...

ROMI

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A noite tem a cor que eu gosto,
tem fantasmas do meu tamanho.
Tem medos que adormecem
e me deixam dormir também.

Na hora do excesso permitido,
bailam pecados em meu redor.
Eu escondi-me muito pouco...
Fugaz mendiga das horas paradas,
ampliadas num suspiro qualquer.

Existem palavras soletradas,
esculpidas em pedra dura,
que não se cruzam.
No silêncio, não há palavras cruzadas.

Eu sei, e tu sabes.
Perto ou longe,
nunca seremos nós...

14
Fev25

SENSIBILIDADE ESTÉTICA DA PALAVRA ADEUS...

ROMI

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Vou em viagens de sonho,
embrulhada em papel vintage
e num gesto de quem respira o mesmo ar
falo-lhe ao ouvido, em voz de cinema:
“O melhor de mim é a forma como gosto de ti.”
Tinha esquecido que qualquer gesto
está cheio de pequenos outros.
Dei o último suspiro.
Saí para a rua, como se fosse a primeira vez.
Não sei sonhar, nem amar,
nem dizer palavras de amor,
mas fico linda quando sorrio.
Gosto de respostas que calem a pergunta
e de mim quando solto o cabelo.
Temo que o tempo me traga saudades mortas
a escorrerem por todos os lados
principalmente por mim.
Ter cuidado com as palavras não significa ficar calada.
Arrumo as palavras numa folha de papel branco
que fecho dentro da gaveta ...
e deito a chave fora.
Vou-me despindo de ti... até ficar nua!
 
11
Fev25

Exílio Sem Cor ...

ROMI

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É manhã. Desprendo-me de mim. Adormeço com palavras em forma de poema. Acordo com palavras mudas, pensamentos com forma e sem vibração.

É manhã. Eu já cá não estou! É como se o dia viesse e me levasse para um sítio onde não quero estar. Logo à noite, talvez regresse… frágil, desamparada, inocente. Mas agora tenho de ir, infiltrar-me no mundo dos outros, distribuir simpatias e sorrisos ensaiados.

O meu mundo é a preto e branco, e obrigam-me a afagar o arco-íris. Não quero pisar caminhos já trilhados, nem ser protagonista de uma história que morre de tédio terminal. Mas, enquanto a noite não vem, tenho de ir e sentir que estou a ser integrada acima das minhas possibilidades, camuflando uma louca ilusão…

A ilusão de que, algures, num sítio a definir, secreto, em que é reservado o direito de admissão... exclusivo para pessoas que vivem a preto e branco …, há lugar para mim.

É dia, e a vida não para. Continuam a nascer e a morrer pessoas. Pergunto se não terei morrido também… ou se sobrei apenas um bocadinho.

07
Fev25

Partículas em Lamento...

ROMI

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Sempre...

Tudo o que quis coube no tempo em que tinha razão.
Tentei andar de pé como os outros... Caminhei como pude.

Entrei em becos de onde não queria realmente sair,
mas queria poder sair, se quisesse.

Recordo...
Partículas de gestos, pequenas coisas sem interesse, mas cheias de mim.
Horas que passaram só para dizer que estiveram lá.
Horas mortas. Morreram porque não queriam ser enterradas vivas.

A lua também morreu e foi para o céu...

Lamento...
Quando o violino se quebrou.
E o que doeu foram todas as melodias
que naquele violino jamais tocarão.

Chora o spalla e o maestro.
Cala-se o violino...

Quero...
Abrir a janela e perder-me na corrente de ar.

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