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Ecos de Ontem...

Porque há palavras que não sabem ser silêncio. Ressuscitam, porque ainda respiram...

Porque há palavras que não sabem ser silêncio. Ressuscitam, porque ainda respiram...

Ecos de Ontem...

19
Fev25

Notas de um sonho breve...

ROMI

comboio.jpg 

Era uma rua escura, inodora, daquelas ruas onde não acontece nada.
Do lado de lá de uma janela, alguém tocava uma balada. Sentei-me num degrau do prédio, como quem espera a chave para entrar. A melodia surgia como o lamento de alguém que queria ir muito para além de um encontro improvável.

Encostei-me à parede fria, fechei os olhos e imaginei uma sala despida de adornos. Apenas um piano. Alguém, no masculino, de feições indefinidas, sem carisma emocional, deixava as notas acontecerem, indiferente.

Foi aí que entrei na sala. Senti-me impotente e frágil, pálida como um fantasma que não morreu.
O abraço fez-se em passo de dança, num redopio lento de quem reconhece a presença e quer a todo o custo não a deixar fugir. 

Tentei descobrir ali um atalho para a normalidade. O máximo que consegui foi um pensamento fatigado: Agora é tarde para querer sair daqui. Envolvida num abraço de náufraga, deixei-me afogar num barulho de cristais, com suspiros de cetim.

Voltei à rua. Deixei-o a arrumar a minha ausência. Não olhei para trás.
Abri os olhos. A parede continuava fria. A balada fora substituída por um ritmo mais descontraído.
A noite estava instalada. Rumei em direção à estação e fiquei no escuro, à espera do comboio seguinte...

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