Prelúdio de Cinzas...

Preparo-me para o luto,
acendo todas as velas
que formam o percurso até mim.
Não sei se há luto
para o inacabado.
Primeiro morrem os sonhos,
depois é o silêncio que fala,
eco que deseja ser voz.
Olho o espelho:
reflete a indiferença de mim.
Vigília ritmada
que se inventa.
Terei sempre o esquecimento,
um instante para sublinhar,
e a noite...
A noite é o meu lugar.
Eu não sei se é a morte
que pousa na minha sombra.
Pelas vezes que morri,
pelas vezes que me ergui,
ergue-se a lua,
empática,
e chora sob o meu nome.
Penitência de um ser anónimo:
a essência purificada pela dor.
Visto-me de cinzas.
